(...)
Também o longo silêncio é uma coisa boa, cheia de
travessura. E olhar, à semelhança de um céu de inverno, com sereno semblante de
olhos redondos, calar, como ele faz, o seu sol e a sua inflexível vontade de
sol: essa arte e essa malícia do inverno aprendi-a eu bem.
A minha arte e a minha mais cara malícia em que o meu
silêncio tenha aprendido a se não delatar pelo silêncio.
Com palavras e ruídos de dados, entretenho-me a iludir a
gente solene que anda à espreita; quero que a minha vontade e o meu fim se
subtraíam a esses severos observadores.
Para ninguém poder ver o meu fundo íntimo e a minha última
vontade, inventei o longo e claro silêncio.
(...)
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